My Pagan Poetry: - Elis Regina - Águas de Março -

domingo, 24 de octubre de 2010

- Elis Regina - Águas de Março -

É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho

É um caco de vidro
É a vida, é o sol
É a noite, é a morte
É o laço, é o anzol

É peroba do campo
É o nó da madeira
Caingá candeia
É o matita-pereira

É madeira de vento
Tombo da ribanceira
É o mistério profundo
É o queira ou não queira

É o vento ventando
É o fim da ladeira
É a viga, é o vão
Festa da cumeeira

É a chuva chovendo
É conversa ribeira
Das águas de março
É o fim da canseira

É o pé, é o chão
É a marcha estradeira
Passarinho na mão
Pedra de atiradeira

É uma ave no céu
É uma ave no chão
É um regato, é uma fonte
É um pedaço de pão

É o fundo do poço
É o fim do caminho
No rosto o desgosto
É um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego
É uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando
É uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto
É uma prata brilhando
É a luz da manhã
É o tijolo chegando

É a lenha, é o dia
É o fim da picada
É a garrafa de cana
O estilhaço na estrada

É o projeto da casa
É o corpo na cama
É o carro enguiçado
É a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte
É um sapo, é uma rã
É um resto de mato
Na luz da manhã

São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração

É uma cobra, é um pau
É João, é José
É um espinho na mão
É um corte no pé

São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração

É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho

É um passo, é uma ponte
É um sapo, é uma rã
É um belo horizonte
É uma febre terçã

São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração

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- Noche -

I
Una herencia de agua se esconde entre mis labios, asesinando la noche con sus máscaras negras. Construyo el cerrar de mis ojos y me desgarra en silencio la marea. ¿Dónde habitan los pasos de la noche? ¿Se vistió la luna con mis sueños pendulares? Ya no vienes y no sé decir que no. No a nada. No.

II
La señal de la noche es tan oscura como mi destino entre sus manos. Una verdad incierta me acecha tras la niebla de otros ojos peregrinos. Mujerlibélula. Duermevela. La noche ronda mis paredes de silencio roto. Con pies descalzos se agota la mañana y todo espacio encierra mi dolor. Hoy la noche me toma de la mano y camina junto a mí. ¿Cómo permitirme decir adiós? ¿Cómo correr con los pies de la angustia? Si toda noche es cerrada, no quiero subir. No debo.

- Fragmentaria -

¿Habitar la ausencia implica abandonarse? Sólo callar y deshojar el silencio. Detenerse en otro para no ser. Peregrinar la nada y sus huellas de noche. Dejarse. Olvidarse. Todos los espejos recrean mi esperanza, conjurando la ilusión de un espacio ilimitado. Ser sombra. Ser sueño. Fragmentarse en los intersticios de la voz y su ausencia. Extrañamiento de tus labios y su pesadilla amarga. Tejo mi voz y temo. Desterrada del silencio, hilvano las palabras de un deseo infinito. Oscuramente. Verbalmente. Otra.

- Ser -

No sé ser. Y se detiene la noche de brazos prohibidos y corta mis sueños en ceremonias oscuras. Todos los silencios de mi piel enuncian el verbo y su esencia de pasado imperfecto. El misterio de los ojos no tiene límite y nada conduce a nada ¿Cómo abandonarse? ¿Cómo partir bajo el sinsentido de ser otro? ¿Cómo bautizar los ojos de preguntas conjuradas en silencio? No sé contar la angustia. No gobierno sus sonidos, sus letras asesinas, sus manos asfixiantes. Sólo intento conjugar mi nombre y liberar los miedos. Bendecir la ausencia es imposible. Ser, mi travesía sin destino.

- Silencio -

El silencio, vistiendo la nada de otra nada invertebrada. Nada de mi cuerpo mientras conjuro esta noche de pasado imperfecto o ciudad sitiada por la angustia de caer. El silencio me protege de ser. Ser otra en la noche. Ser duermevela que avanza. Ser espejo de sus ojos como muerte pasajera. Ser. Negaré los sonidos sin tejer vocabularios, declinando los espacios en vocales prisioneras. El silencio es mi voz tras tu tormenta. El silencio tiñe todo abismo con sus dedos asesinos y ya nada es nada. No. Nada. Tú. Yo. Nada. No.

- Palabras -

El poema es mi antídoto. Toma mi cuerpo y me grita en las entrañas. Hechiza los ojos, la boca, los sueños. Las palabras me amarran con sus cuchillos de miedo, conjurando el silencio en sonidos voraces. Subiré las vocales del sentido. Cantaré las heridas de la noche. Los ángeles del deseo recortan mi garganta para tejer su estrategia azul de sintaxis ausente. Traidora del verbo, desvisto las palabras y mueren en mis manos y resucitan su silencio. Todos los poemas inauguran mi existencia. Todos los poemas cicatrizan mi piel.

- American Beauty -

"It was one of those days when it's a minute away from snowing. And there's this electricity in the air, you can almost hear it, right? And this bag was just dancing with me. Like a little kid begging me to play with it. For fifteen minutes. That's the day I realized that there was this entire life behind things, and this incredibly benevolent force that wanted me to know there was no reason to be afraid. Ever. Video's a poor excuse, I know. But it helps me remember. I need to remember. Sometimes there's so much beauty in the world I feel like I can't take it and my heart is going to cave in".